
A banda foi formada em agosto de 1982 após o termino de sua banda antiga, o Aborto Elétrico, devido a uma briga com o integrante Fê Lemos (bateria). Com o fim da banda, Fê Lemos e seu irmão, Flavio Lemos (contrabaixo), reunem-se com Dinho Ouro Preto e formam então o Capital Inicial. Para compor, Renato Russo se inspirava em bandas como Ramones, The Smiths, The Cure e Joy Division.
A primeira apresentação da Legião Urbana aconteceu em 5 de setembro de 1982 na cidade mineira de Patos de Minas, durante o festival Rock no Parque, que contou com outras oito atrações, entre elas a da Plebe Rude, que abriu o palco para a Legião.
Esse foi o único concerto em que a banda apareceu com a sua primeira formação: Renato Russo (vocalista e baixista), Marcelo Bonfá (baterista), Paulo Paulista (tecladista) e Eduardo Paraná (guitarrista), hoje conhecido como Kadu Lambach. Após a apresentação, Paulo Paulista e Eduardo Paraná deixaram a Legião. O próximo guitarrista seria Ico Ouro-Preto (irmão de Dinho Ouro-Preto, vocalista do Capital Inicial), mas foi logo substituído por Dado Villa-Lobos, que assumiu a guitarra da Legião em março de 1983.
Em 23 de julho de 1983, a Legião faz no Circo Voador, Rio de Janeiro, um concerto que mudaria a história da banda. Após a apresentação, eles são convidados a gravar uma fita demo com a EMI. No ano seguinte, entra o baixista Renato Rocha e começa então a gravação do primeiro disco.
O primeiro álbum Legião Urbana, lançado em 2 de janeiro de 1985, é extremamente politizado, com letras que fazem críticas contundentes a diversos aspectos da sociedade brasileira. Paralelo a isso, possui canções de amor que foram marcantes na história da música brasileira, como "Será", "Ainda é cedo" e "Por Enquanto", esta última que é considerada como a melhor faixa de encerramento de um disco, segundo Arthur Dapieve, crítico e amigo de Renato Russo. "Geração Coca-Cola" é outra música famosa deste álbum.
O segundo álbum, Dois, foi lançado em 1986. O disco deveria ser duplo e se chamar Mitologia e Intuição, mas o projeto foi recusado pela gravadora, fazendo com que o disco saísse simples. Em seu começo é possível ouvir um pouco da canção "Será" envolto a ruídos de rádio e do hino da Internacional Socialista. É o segundo álbum mais vendido da banda, com mais de 1,2 milhão de cópias, e considerado por muitos o mais romântico. "Tempo Perdido" fez um grande sucesso e se tornou num dos clássicos da Legião. "Eduardo e Mônica", "Índios" e "Quase Sem Querer" também fizeram sucesso.
Que País É Este 1978/1987 pode ser considerada a primeira coletânea feita pela banda de Brasília, embora todas as faixas tivessem sido regravadas e produzidas para este álbum e em estúdio. Este material foi programado para entrar no antigo projeto Mitologia e Intuição, que foi abortado pela gravadora. Das nove canções do disco, sete eram do antigo Aborto Elétrico. Esta é a obra mais punk da Legião Urbana e contém em seu encarte uma breve história do grupo. Foi o último trabalho oficial com a participação do então baixista Renato Rocha. Seu título provisório era Mais do Mesmo. As maiores músicas deste álbum foram "Que País É Este", "Faroeste Caboclo" e "Angra dos Reis".
O álbum As Quatro Estações de 1989 é considerado por muitos o melhor e mais inspirado trabalho deles, inclusive pelo próprio Renato Russo, além de conter o maior número de hits: são onze canções, das quais pelo menos nove foram tocadas incessantemente nas rádios. É o álbum mais vendido da Legião, com mais de 1,7 milhão de cópias, é também considerado o disco mais "religioso". O baixista Renato Rocha tocou com o trio nos três primeiros álbuns e chegou a gravar o baixo de algumas faixas desse álbum, mas acabou por deixar o grupo devido a desentendimentos com os outros membros. As linhas de baixo originalmente gravadas por Rocha foram regravadas por Dado e Renato, que se revezaram nos baixos e guitarras. Músicas legendárias como "Pais e Filhos" e "Monte Castelo" fizeram parte deste álbum.
Ainda hoje, é o terceiro maior grupo musical da gravadora EMI-Odeon emvenda de discos por catálogo no mundo, com média de duzentas mil cópias por mês. O fim do grupo foi marcado pelo falecimento de seu líder e vocalista, Renato Russo, em 11 de outubro de 1996. A banda é uma das recordistas de vendas de discos no Brasil incluído premiações da ABPD com dois Discos de Diamante pelos álbuns Acústico MTV de 1999 e Que País É Este de 1987.
LEGIÃO URBANA

CAPITAL INICIAL
BARÃO VERMELHO
Brasília, maio de 1983, um grupo de jovens é preso por usar pulseiras de tachas e alfinetes, sob a alegação destes acessórios serem armas em potencial. A resposta veio no editorial do "Fan Zine", em seu segundo número, escrito por um jovem que assinava apenas "Dinho". O Fan Zine trazia outros assuntos, como a "discografia básica da nova música", que incluía Sex Pistols, The Clash, The Damned, Ramones, Siouxsie & the Banshees, Public Image Ltd, Adam & the Ants, Joy Division, U.K. Subs e Dead Kennedys. Naquelas páginas, às vezes escritas a mão, com colagens de outras publicações, lia-se um pequeno panorama do punk rock de Brasília (com letras do Aborto Elétrico, XXX e Plebe Rude), quadrinhos, poesias e textos de diversos colaboradores (Hermano Vianna, Marcelo Rubens Paiva, Guilherme Isnard, entre outros). A postura deste grupo que expunha seus pensamentos através da música, de fanzines e de sua atitude, pode ser caracterizada pela música "Geração Coca-cola", de Renato Russo, como fez Jamari França em artigo publicado no Jornal do Brasil, em 12 de novembro de 1984, quando reproduziu os versos da canção: "Depois de 20 anos de escola /não é difícil aprender/todas as manhas deste jogo sujo/não é assim que tem que ser?/vamos fazer nosso dever decasa/aí então vocês vão ver/suas crianças derrubando reis/fazer comédia no cinema com suas leis./Somos os filhos da revolução/somos burgueses sem religião/somos o futuro da nação/Geração Coca-Cola".
O Capital Inicial surgiu em 1982, formado pelos irmãos Fê Lemos (bateria) e Flávio Lemos (baixo), ex-integrantes do Aborto Elétrico, ao lado de Renato Russo, e Loro Jones (guitarra), oriundo da banda Blitz 64. Em 1983, Dinho Ouro Preto, após um estágio como baixista da banda "dado e o reino animal" (assim mesmo, com letras minúsculas), onde também tocavam Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, entra para os vocais. Em julho estreiam em Brasília, tocando em seguida em São Paulo (SESC Pompeia) e no Rio de Janeiro (Circo Voador). Aliás, esta foi uma das características marcantes do início da carreira: as constantesviagens e apresentações nos principais palcos do underground do rock brasileiro. Após a turnê de giGAntE!, a banda se dedica a um antigo projeto, regravar as músicas da banda Aborto Elétrico (a banda que originou Capital Inicial e Legião Urbana) com os arranjos originais. Lançam em 2005, CD e DVD MTV Especial: Aborto Elétrico com algumas das canções da banda lendária de Brasilia

Após assistirem um show da banda Queen no Morumbi, em São Paulo, surgiu o desejo em Guto Goffi (Flávio Augusto Goffi Marquesini), bateria, e Maurício Barros (Maurício Carvalho de Barros), teclado, de 19 e 17 anos de idade, em formar uma banda de rock. Em outubro de 1981, os dois estudantes do Colégio Imaculada da Conceição, no Rio de Janeiro, chegaram a um nome para o sonho: Guto sugeriu e Maurício concordou que o aviador alemão Manfred von Richthofen, principal inimigo dos Aliados na Primeira Guerra, batizasse o grupo com seu codinome: Barão Vermelho. Dias depois, a dupla se uniu a Dé (André Palmeira Cunha), baixo, e Frejat (Robeto Frejat), guitarra. Os ensaios ocorriam sempre na casa dos pais de Maurício e, como a banda ainda não tinha vocalista, através de uma amiga de escola , Guto conseguiu contato com um vocalista chamado Léo Guanabara (que veio a ser conhecido como Léo Jaime), mas uma incompatibilidade devido ao timbre da voz de Léo Jaime ser suave demais para o rock do Barão, fez com que o mesmo não fosse aprovado pela banda. Léo não se aborreceu com isso, pois o mesmo já integrava três bandas (entre elas João Penca e Seus Miquinhos Amestrados), indicando Cazuza (Agenor de Miranda Araújo Neto). O Barão Vermelho então estava completo. Em 1982, o som do Barão Vermelho, lançado nas lojas dia 27 de setembro, se espalhou um pouco e agradou muito o produtor Ezequiel Neves (José Ezequiel Moreira Neves, jornalista) e o diretor da Som Livre, Guto Graça Mello. Juntos, eles lançaram a banda e, com uma produção baratíssima,em quatro dias, foi gravado o primeiro álbum do Barão, que recebeu o nome da banda. Das músicas mais importantes, destacam-se "Bilhetinho Azul", "Ponto Fraco" e "Down Em Mim". Depois de alguns shows no Rio de Janeiro e em São Paulo, a banda voltou ao estúdio, agora por um mês inteiro, e gravou o LP "Barão Vermelho 2", lançado em 1983. Embora o quinteto pudesse ser promissor, as rádios não pensavam assim, e se negavam a tocar suas músicas.

OS PARALAMAS DO SUCESSO
Os Paralamas são hoje talvez a mais vitoriosa banda do rock nacional. Com uma história de mais de 25 anos de sucesso, o grupo já passou por diversas fases de sucesso e crítica, manteve sempre a mesma formação e conseguiu a incrível façanha de juntar fãs de 2 gerações diferentes em seus shows.
Acompanhe aqui um pouco mais sobre a história desse fantástico trio.
>> O INÍCIO
Tudo começou quando Herbert e Bi Ribeiro se conheceram. Herbert convenceu Bi a comprar um baixo e eles então começaram a ensaiar na casa da Vovó Ondina, na rua Sousa Lima em Copacabana. avó do Bi, já falecida. Após um tempo eles conhecem Vital, o primeiro baterista. E começam a tocar na Universidade Rural, onde estudavam.
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João Barone entra na história da banda quando assiste e gosta muito de uma apresentação dos Paralamas na Universidade Rural. E, graças a uma falta de Vital a um show de um Festival Universitário em 17 de setembro de 1981, Barone assume a batera dos Paralamas. Esta falta até hoje, não possui uma explicação. O responsável pela apresentação de Barone aos Paralamas foi o Super, amigo comum entre Barone e Bi Ribeiro. |
O entrosamento foi instantâneo e logo os 3 largam suas carreiras universitárias para se dedicar a música. Herbert cursava Arquitetura, Bi cursava Zootécnica e o Barone, Biologia. Começam então a tocar em bares undergrounds do Rio.
>> A CARREIRA PROFISSIONAL
O profissionalismo da banda começa a ganhar força quando Herbert conhece Maurício Valladares (que está com os Paralamas até hoje) no Western Club. Este, leva uma fita demo da banda à Rádio Fluminense-RJ (uma rádio reveladora de talentos e destinada ao pop/rock da época). Esta demo, continha 4 músicas e foi muito bem executada, caindo nas graças dos ouvintes:
- Vital e Sua Moto
- Patrulha Noturna
- Encruzilhada Agrícola-Industrial
- Solidariedade Não
Na primeira vez que se apresentaram em uma estação de rádio no Rio de Janeiro, na Fluminense FM, os Paralamas tocaram, Encruzilhada Agrícola Industrial, Patrulha Noturna e Vital e sua Moto. O programa teve a apresentação de Liliane Yusim.
As imagens abaixo são do roteiro do programa Rock Alive apresentado em 17 de dezembro de 1982. Além dos "iniciantes" se ouviu: STIFF LITTLE FINGERS, THE FALL, GREGORY ISAACS, THE POLICE, NINE NINE NINE entre outros. Fonte: Site RoncaRonca !!
Na época, a banda ainda tinha outras músicas, como: Reis do 49, Pingüins, Mandingas de Amor e Rodei de Novo.
Posteriormente houve uma apresentação do grupo no Circo Voador-RJ. Na ocasião eles abriram o show do amigo Lulu Santos. Então, em 1983 a banda assina com a EMI (gravadora dos Paralamas até hoje) e lança o primeiro disco, Cinema Mudo.
Um dos grande marcos na carreira da banda ocorre em 1985 com o lançamento do disco Selvagem?. O disco marca a fusão do rock com a MPB e o "tropicalismo africano" de Gilberto Gil. O grupo recebe duras críticas da imprensa e até mesmo de outras bandas. Mesmo assim, não se intimida e e o disco vende quase 700 mil cópias.
No início da década de 90, os Paralamas passavam por uma grave crise no Brasil. Os 2 discos, Os Grãos (1991) e Severino (1994) não foram bem aceitos pelo público e pela crítica, especialmente o último, onde os Paralamas foram duramente malhados. Por outro lado, conquistaram fãs na América Latina, especialmente na Argentina, onde todos os seus shows acontecem sempre com casa lotada. |
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Os Paralamas sempre se caracterizam por serem uma banda de atitude e personalidade. Não se intimidam com críticas, evitam ao máximo atitudes comerciais, respeitam os seus fãs. Talvez esta seja a explicação e a fórmula para o sucesso deste grupo !! Vida longa aos Paralamas.

BIQUINI CAVADÃO

O Início
Surgido em 1985, o Biquíni Cavadão nasceu do encontro, ainda em colégio, de Bruno Gouveia (vocal), Miguel Flores da Cunha (teclados), Sheik (baixo) e Álvaro Birita (bateria). Descobertos por Carlos Beni - ex-baterista do Kid Abelha - contaram com a ajuda de Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, na gravação de sua primeira música - "Tédio" - cuja execução na Rádio Fluminense FM lhes rendeu o primeiro disco na Polygram.
De Herbert também veio a sugestão do nome da banda e não demorou muito para eles completarem a formação com Carlos Coelho nas guitarras. Já no primeiro ano, "Tédio" se destacou entre as melhores canções de 85 e a banda ganhou prêmios como revelação.
O primeiro LP trouxe ainda mais participações especiais: Celso Blues Boy e Renato Russo abrilhantaram Cidades em Torrente, eleito um dos dez melhores discos de rock de 1986, e que ainda trazia sucessos como "Timidez", "Múmias" e "No Mundo da Lua".
Primeira banda a participar do célebre Projeto Pixinguinha, o grupo percorreu o Brasil de norte a sul em tournée, enquanto compunha seus novos trabalhos. “A Era da Incerteza”, lançado em 1987, chamou a atenção da crítica, enquanto Zé (89) apresentava um banda que amadurecia diante de seu público, expondo-os em letras sobre críticas sociais, confissões pessoais e uma certa apologia à pessoa comum.
Charlie Brown Jr

Em 1987, o então adolescente paulistano de 17 anos de idade Alexandre Magno se mudou para Santos, litoral de São Paulo, após uma infância difícil e traumática. Era mais conhecido pelo apelido de Chorão, passou a se interessar pela prática do skate. Um dia, em um bar local, substituiu por acaso o vocalista de uma banda, quando o mesmo precisou se ausentar devido a necessidades fisiológicas. Uma pessoa da plateia, ao vê-lo cantar, convidou-o para ser vocalista em sua banda. Quando o baixista da referida banda saiu, Chorão veio a conhecer Champignon, o novo baixista, uma criança de apenas 12 anos na época, formaram então a banda What's Up. Tempos depois, Chorão e Champignon decidiram convidar o baterista Renato Pelado, egresso de bandas da cidade como Ecossistema, Jornal do Brasil, entre outros projetos. Mais tarde, Marcão e Thiago Castanho completaram a primeira formação da banda Charlie Brown Jr. A banda, ainda sem nome, continuou a se apresentar na cidade. "Fundei e batizei a banda com esse nome em 92. Foi uma coisa inusitada. Trombei (literalmente) com uma barraca de água de coco que tinha o desenho do Charlie Brown, aquele personagem do Charles Schulz, mais conhecido por ser o dono do Snoopy. E o "Jr" é pelo fato de sermos filhos do rock", se explica Chorão pelo fato de a banda se considerar "filha" de uma geração de músicos e bandas como Raimundos, Nirvana, Red Hot Chili Peppers, Nação Zumbi, e Planet Hemp. A sonoridade do grupo tinha influências de grupos como Sublime, Bad Brains, 311, misturando hardcore, skate e reggae. O vocalista da banda, Chorão, é skatista, chegando a figurar nas melhores posições do ranking de diversos campeonatos brasileiros, e costuma apresentar-se nos shows em cima de um skate.
Biografia
Chorão -- batizado de Alexandre Magno Abrão -- formou a banda Charlie Brown Jr. na cidade de Santos, no litoral de São Paulo, na década de 1990. Ele era o único integrante que permaneceu durante todas as fases do grupo, lançando nove discos de estúdio, dois álbuns ao vivo e duas coletâneas. O grupo vendeu mais de 5 milhões de discos e, em 2009, ganhou um Grammy Latino com o álbum "Camisa 10 Joga Bola Até na Chuva".
A morte do cantor Alexandre Magno Abrão, o Chorão, foi provocada por overdose de cocaína, de acordo com exame necroscópico divulgado no dia 04 /04/2013. Vocalista da banda Charlie Brown Jr., Chorão foi encontrado morto em seu apartamento no dia 6 de março. Localizado no bairro de Pinheiros, em São Paulo, o apartamento foi encontrado revirado e a polícia também coletou amostras de um pó branco que parecia cocaína.
Raimundos
A história da banda começa em Brasília mais ou menos em 1987. Nesta época, os vizinhos Rodolfo (voz e guitarra) e Digão (bateria) passaram a se reunir para jogar conversa fora e tocar as músicas de seu grupo favorito - os Ramones. "O nosso amplificador era tão ruim que ficava igual" lembra-se Rodolfo. Digão era influenciado por um som pessado e meio hardcore, principalmente pelo o grupo Dead Kennedys. "Bedtime For Democracy" sendo o seu album favorito. Mas que banda de rock nao tem um baixista?!?!?
Rodolfo decidiu chamar Henrique Canisso (atual baixista da banda) para tocar com eles. Os dois achavam que ele iria dar um bom visual para banda. Com a entrada de Canisso na banda, o negócio começou a ficar um pouco mais sério e as primeiras composições começaram a surgir. A coisa continuou assim, aos "trancos", por cerca de três anos.
Foi no reveillon de '88, na casa do amigo Gabriel (atual vocalista e guitarrista da banda Little Quail) que os Raimundos tiveram a chance de tocar pela primeira vez, em frente de um pequeno publico. O Fred (atual baterista da banda) era umas das pessoas na plateia que assistia aquele show "arretado". "Eu lembro que eles tocaram covers de bandas que eu gostava muito naquela época, além de músicas próprias com letras interessantes" diz Fred no video da Cesta Básica. "Já era 'forró-core' na época. A gente tocava uma música nossa, uma do Zenilton (o forrozeiro pernambucano favorito deles) e um monte dos Ramones" diz Rodolfo. O som nordestino, mais presente no primeiro disco dos Raimundos, é algo muito antigo. <Figura>"Minha família é da Paraíba, e eu me lembro que desde os dez anos, eu sempre ia naqueles churrascos com os meus pais. Tocava forró o tempo inteiro, e eu achava aquilo um saco. Só gostava das músicas do Zenilton, por causa das letras sacanas, achava aquilo muito fera", explica Rodolfo numa entrevista da Showbizz. "O pai do Rodolfo usava um disco do Zenilton para abanar o churrasco", explica Canisso. "Foi apartir das músicas dele que a gente começou a fazer essas misturas. A próxima atuação da banda foi sua divulgação - faziam shows em pequenos bares em Brasília, e também tocavam em festas. "Existia um estigma em Brasília, sempre que tinha uma festa e os Raimundos iam tocar, a festa lotava" explica Fred. As coisas ficaram assim, meio incerta, por dois anos - até a separação. Em 1990 quando as coisas estavam engrenando, eles resolveram parar por um tempo. Cada um foi cuidar da sua vida. Canisso foi estudar Direito (Universidade de Brasília) e virou pai (Mike e Laura), Digão resolveu abandonar as baquetas (devido a problemas auditivos - estava ficando surdo) e se dedicar à guitarra, deixando Rodolfo livre para ser o vocal em uma banda chamada 'Royal Straight Flesh'. Foram todos procurar empregos. "A separação nos fez bem. Todos crescemos muito e chegamos à conclusão de que queríamos ser músicos mesmo", afirma Digão. "Foi ficando uma merda tão grande que a gente não aguentou e parou", diz Rodolfo. Nessa epóca, (1989/90) o lance em Brasília era heavy metal. Eles tentaram chegar nesse potêncial, mas não conseguiram.
Em '92 surgiu um convite para tocar em um bar de Goiânia e todos gostaram muito da idéia. Porém, como a banda não tinha mais baterista (Digão agora era guitarrista , deixando Rodolfo livre para os vocais). Nas baquetas, uma bateria eletrônica. Fazer shows com aquilo não era tão fácil. "Arrumaram um show pra gente em Goiânia. Levamos tudo preparado na eletrônica, pois a mesma batida dava pra todas as músicas dos Ramones. Só que por um problema de impedância , o negócio tocou tudo diferente", explica Canisso.
Um pouco depois de tudo isso (ainda em '92), Fred (atual baterista da banda e fã na época) foi chamado para ser parte da banda. "O Fred entrou na banda e logo se adaptou. Tirou todas as músicas na bateria, começamos a fazer shows, no ano seguinte já gravamos a demo, e estamos nessa correria até hoje", conta Rodolfo. A fita demo do grupo gravada em 1993, levou o mesmo nome da banda, e continha quatro músicas: "Nêga Jurema", "Marujo", "Palhas do Coqueiro" e "Sanidade" - esta inédita em álbuns até hoje. E como qualquer banda, eles começaram a ser divulgados.
<Figura>Uma dessas fitas demo, foi parar nas mãos dos Titãs que acabaram convidando os Raimundos para abrir alguns shows no Rio de Janeiro. Com isso, fãs e a atenção das grandes gravadoras começaram a aparecer e cada vez aumentando. Os Raimundos chegaram a abrir shows para o Camisa de Vênus (que sempre foi uma grande influência para a banda) e Ratos de Porão no Circo Voador. O número de fãs foi aumentando rapidamente. Foi no festival Junta Tribo, realizado pelo fanzine Broken Strings na Unicamp (universidade de Campinas) que a banda começou realmente a chamar atenção. Durante três dias, cinco mil pessoas e dezessete bandas independentes se reuniram para gastarem todas suas energias. "O engraçado é que eu mesmo liguei pedindo pra gente tocar", conta Fred. "Nosso nome não estava nem no cartaz" . Apartir desse show, um muito sagrado para a banda, pessoas do Brasil enteiro ficaram encantado com esse novo som safado! Só quando os Titãs tiveram a abençoada idéia de criar seu própio selo, o Banguela, é que os Raimundos "cederam". Outras gravadoras também tinham feito várias ofertas, mas a maioria exigia que a banda "diminuisse" a intensidade do som e "suavizasse" as letras. nada que agradasse eles. "Várias delas nos procuraram querendo mexer no nosso som , censurar as letras e diminuir a intensidade . Podíamos estar agora cheios da grana e infelizes , mas preferimos recusar as propostas". O jornalista e radialista brasiliense Carlos Marcelo, tendo uma cópia da fita demo em mãos, entrou em contato com um amigo jornalista da revista musical Bizz , ninguém menos que o Carlos Eduardo Miranda,que conta: "eu escutei aquela fita e já entrei em contato com os caras , falei pro Fred vir para São Paulo , que a gente precisava conversar, pois já existia alguns planos sobre o selo Banguela , mas nada estava certo ainda. Então a gente se encontrou, já ficamos amigos". Foi assim, após um acidente com Fred (ele se jogou do palco no último show com os Titãs e abriu um racho gigantesco na cabeça) que a banda finalmente começou a gravar seu primeiro disco. A partir daí a banda passa a morar em São Paulo, já que nenhuma gravadora teria condições de ficar bancando as viagens para Brasília. No início eles ficaram hospedados na casa do Carlos Eduardo Miranda, onde tiveram que dormir no chão. Mas não por muito tempo.
O disco de estréia, lançado em Maio 1994, com o titulo "Raimundos", foi gravado no estúdio Be Bop em São Paulo e produzido por Carlos Eduardo Miranda (o diretor artístico do selo Banguela). Esse primeiro disco trazia o som que se transformaria em marca registrada do grupo: o "forrócore". Rock pessado, quase hardcore, agregado a ritimos nordestinos como forró e baião, servia de pano de fundo para letras bem humoradas, com muito sexo e escatologia. O álbum Raimundos trazia músicas como Puteiro em João Pessoa sobre a iniciação sexual de um menino com uma prostituta, Minha Cunhada e Bicharada. Mas o hit do disco, já em 1995, foi Selim , uma música que lembrava o som de outro grupo de sucesso da época, os Mamonas Assassinas. Os Raimundos repudiaram o sucesso de Selim, a faixa mais leve do disco. "No começo, pensamos que nossa música não era tocada nas rádios por causa dos palavrões", diria Canisso. "Ai veio Selim, que é a música mais nojenta do mundo e, porque é brega, todo mundo toca." O hit puxou as vendagens do álbum, que chegou a mais de 250 mil cópias vendidas. Raimundos foram os primeiros a conseguir vender tantas cópias no selo independente Banguela em poucas semanas (foram 120 mil) Na imprensa, os Raimundos se defendiam dos que reclamavam das letras explícitas: "Muitos grupos chulos usam palavrão para ofender", diria Canisso. "Para nós, eles entram porque fazem parte da história." Também rejeitaram as comparações com os Mamonas Assassinas. "Eles fazem do trabalho uma grande piada", diria Digão. "Nós apenas escrevemos algumas canções com bom humor". E não demorou muito para conseguir o primeiro lugar nas FMs. As letras irreverentes como "Selim" e "Puteiro em João Pessoa" (as mais tocadas), enfrentaram problemas com a censura. Na cidade de Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul, certas palavras chegaram a ser proibidas de ser executadas e eram subistituidas por um "bip". Em 1992, no primeiro ano em que a banda saiu em busca de sucesso, rodaram mais de 30 mil quilômetros pelo Brasil e chegaram a realizar cerca de 60 shows, em apenas sete meses. Foi com a música "Nega Jurema" que surgiu o primeiro video clip, direcionado por Eduardo Bellmonte. Apesar do clip esta meio tosco, devido a pedidos do público, o clip participou da escolha da audiência na MTV, para representar o Brasil nos Estados Unidos. Infelizmente, perdeu para o Sepultura, com o clip de "Territory" (Em '97, no MTV Music Video Awards, os Raimundos perderam de novo para o Selputura na categoria de melhor clip de Rock). O resto do ano foi basicamente muita correria: teve o M2000 festival (um show bem importante para banda), Philips Monsters of Rock realizado em São Paoulo, a banda participou da turnê Acid Chaos (bandas como Sepultura e Ramones) etc...(a lista seria bem grande se eu listase tudo que eles fizeram em '94)
A popularidade da banda cresceu com o lançamento do segundo disco Lavô Tá Novo, pela Warner, em Novembro de 1995. O album é produzido pelo o americano Mark Dearnley, que já trabalhou com grandes nomes do heavy metal e do hard rock como AC/DC, Black Sabbath e Def Leppard. . As letras são de baixo calão, populares e com um som pesado para adolescente nenhum botar defeito. A exemplo dos Mamonas Assassinas, que vieram na trilha aberta pelo o primeiro CD dos Raimundos, o grupo tira inspiração para seus "poemas" de temas brasileiros, como uma versão thrash para o clásico popular "Esporei na Manivela" que contém humor de vestiário de adolescentes.
Havia, porém, uma diferença. O som da banda estava mais pesado, com menos destaques para os ritimos nordestinos. "Sempre nos concideramos uma banda de rock", diria Fred, comentando o trabalho. "A maioria das pessoas que curtem a gente gosta de música pessada", completa Rodolfo. Guitarras distorcidas davam o tom em Pintando no Kombão, Esporrei na Manivela e Eu Quero Ver o Oco. Mesmo assim, o maior sucesso em rádio seria uma música mais lenta: I Saw You Saying. O pesso ficaria mais presente em duas apresentações em 1996. Chegaram a estar na capa da revista Bizz (atualmente Showbizz) ganhando o "Prêmio Bizz 94" (confira a reportagem na pagina de entrevista), participa do Primeiro Video Music Awards Brasil (confira a colocação na pagina de MTV Awards), participa de seu primeiro Estúdio ao Vivo na rádio Transamérica etc... Segundo Digão, o som do segundo disco continuava o mesmo: "A gente tomou um banho, colocou um perfuminho, escovou os dentes, mas o cheiro continua idêntico."
Em janeiro de '96, eles tocaram no Hollywood Rock, na mesma noite de Urge Overkill e Jimmy Page & Robert Plant. Em março de '96, os Raimundos tiveram a oportunidade de ir tocar em Granada, num festival chamado Esparrago, um dos mais tradicionais festivais alternativos da Espanha. Eram cinco dias, sendo que mais importante era um showcase para a imprensa em Madri e o festival Esparrago; e é claro, umas meia dúzias de entrevistinhas. Foram três dias de shows. Os Raimundos também chegaram a se apresentar no programa "Xuxa Hits" da rede Globo. Começaram com I Saw You Saying e chegaram a tocar até Ilariê. Mas a consagração mesmo veio na terceira edição do Monsters of Rock, em agosto (confire a pagina de links para mais informação). "No show do Hollywood Rock, a moçada era menininhas, surfistas, playboys", diria Rodolfo. "No Monsters, a galera era animal." O público do Monsters of Rock catou de ponta a ponta todas as músicas dos Raimundos, a única banda brasileira no festival, que reuniu 40 mil pessoas no Pacaembú. O evento teria ainda a precença de Iron Maiden e Motorhead, entre outros. No mesmo ano, participam de vários programas na MTV, vestivais, apresentações, etc... (confire a página de curiosidades)
Depois de vender mais de 250 mil cópias de Lavó Tá Novo, os Raimundos lançam Cesta Básica, gravado pela Warner(o segundo pela mesma gravadora), um EP de vinte nove minutos de ótimo som com músicas inéditas como "A Sua", "Papeau Nury Doe", e "Infeliz Natal", composta há quase dez anos, quando o guitarrista Digão fazia parte da banda punk Filhos de Menguele, faixas ao vivo de Be-A-Bá, Palhas do Coqueiro, Cajueiro/Rio das Pedras e Esporrei na Manivela, remixes de Puteiro em Jão Pessoa e alguns covers muinto especiais. Entre eles, Merry Christmas(Ramones) e Bodies(Sex Pistols). Todas as duas foram músicas escolhida pela a banda porque sam músicas que eles gostam. Ia também ter How Will I Laugh Tomorrow, da banda Suicidal Tendencies, mas Rodolfo esplica que quando tentaram tocar ficou uma merda. Os fans poden comprar o album separadamente, ou então como parte de um pacote apenas os primeiros oito mil CDs fabricados fazem parte de uma edição limitada em formato de caixa que inclui ainda um video com bastidores de 48 minutos idealizado, filmado e editado por Canisso, clipes e cenas de shows, e uma safada revistinha chamada Puteiro em João Pessoa, criado pelo cartunista Angeli. <Figura> Era só questão de tempo para que os membros da banda, Rodolfo, Digão, Canisso e Fred, virassem personagens de revista em quadrinhos. Angeli, fã e ao mesmo tempo, ídolo da banda, transformou a garotada em personagen en quadrinhos. Angeli, famoso pela extinta revista "Chiclete Com Banana" e o pai de personagens hilariantes como Bob Cuspe, Rê- Barbosa e Os Escrotinhos. Rodolfo, como o adolecente virgem, está impagável. Segundo Fred, o conjunto completo servia como uma apresentação para novos fãs: "Queríamos reunir todo o material dos Raimundos em um só pacote. Cesta Básica é para aquele público que começou a gostar do grupo depois do segundo disco".
Os Raimundos ficaram desde maio ate agosto de '97 em Los Angeles gravando e mixando o terceiro disco chamado "Lapadas do Povo". "Cesta Básica" (CD lançado no final do ano passado) não é um dico de crreira - explica o baterista Fred. Fred também explica a origem da foto que ilustra a capa de "Lapadas do Povo", com o reflexo de uma vam na traseira de um caminhão inflamável. - Esse é um disco explosivo (fala com risos). A foto foi tirada daquela van numa auto-estrada californiana por um rodie da gente. As três placas do tal caminhao se referem as datas do ínicio e fim das gravacões do trabalho - 01/06 e 04/08. A banda armou sua barraca sob o sol Californiano durante dois meses. Esse disco estava nas lojas no dia 23 de outubro. A produção desse disco foi novamente com o produtor yankee Mark Dearnley, o mesmo de "Lavô Tá Novo". Desta vez no estúdio Sound City, onde se pode encontrar bandas como Nirvana, Rage Against The Machine, Red Hot Chili Peppers e vários outros incluindo os Raimundos. O material do novo projeto é mais pessado, com mais arranjos e menos palavras de duplo sentido. O grupo voou para Los Angeles com apenas quatro das 13 composições do CD - alêm de uma faixa bônus - finalizadas. O novo disco trará letras repletas de bem sacados jogos de palavras como "Andar na Pedra", "Nariz de Doze" e "Ui, Ui, Ui". Tambem de novidade, a canção "Baile Funk" alfineta aspectos da distorção social. "É na igreja que o povo esvazia as bolsas/ A justiça não me olha porque é cega/ Eu falei que o ladrão que rouba mesmo é bem vestido e eu vi de monte" é um trecho das letras de Rodolfo. Os rapazes fizeram até uma canção para o baxista Canisso, 32 aninhos. Que amizade! Por sugestão do Mark Dearnely, eles gravaram "Oliver's army" (Elvis Costello) e ainda pegaram uma antiga versão de "Ramona", dos Ramones, batizada da "Pequena Raimunda". Desta vez, muito das letras foram compostas por Digão e Rodolfo. Todos estão loucos para voltar a fazer shows.

Aqui vou contar um pouco da História
de algumas das principais bandas do Rock nacional